quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Caminhos, olhares, sentidos

Meu coração pulsa

Estou na estrada, a caminho de algum lugar – espero que seja inspirador
Vou olhando pela janela e aprecio os verdes tão cativantes e sinceros – como os cães
Sou levado a levantar e descer no caminho – a raiz me prende aqui
Fico debaixo de uma sombra à espera do próximo ônibus
Encosto a mochila na árvore e ao olhar para o horizonte percebo que o meu coração pulsa – e pulsa forte
Olho mais adiante e vejo do outro lado da estrada uma árvore em frente ao lago e cercada por um gramado macio
E sinto vontade de cruzar a estrada, pular a cerca, atravessar o lago e tocá-la
Antes de minha vontade torna-se fato consumado e concedido eu já estava atravessando o lago com a camisa lascada pela cerca e os olhos estáticos a contemplar sua copa formosa, arrodeada de pássaros fabricantes de ninho, seu tronco impetuoso, seus galhos delicados, suas folhas graciosas dando contorna à sua geometria perfeita.
E sinto que meu coração pulsa – e pulsa forte
Lhe abraço e respiro seu aroma, me embalo no vento que te faz cantar com o bailar das folhas e o canto dos pássaros espantados do ninho – e meu sinto no meu ninho
Me sinto extensão de sua vida, um ramo, um galho, uma folha, uma flor, uma semente, uma raiz que ama este solo e que é amada por este lago que nem na seca mais ferrenha te abandona, nem que ele tenha que submergir para te manter florida e única à sombreá-lo.
E sinto que meu coração pulsa – e pulsa forte
Me disperso ao rega-la com meu pranto e abraça-la com meu coração
E ela me banha com seu bálsamo tão agradável que parecia que eu tinha acabado de nascer e sentir o primeiro prazer
Beijo o lago fiel, pulo a cerca com cautela, atravesso a estrada com saudades dela, pego a mochila e fico à espera do ônibus sem pressa, pois sinto que meu coração pulsa – e pulsa forte.


Éder Carneiro Cardoso e Silva

Um comentário:

ana wagner disse...

Fiquei encantada com esse teu blog, com teus diversos blogs! Poemas perfeito e profundos, com maturidade e muito sonho, que é o néctar do poeta!
Carinhos, poeta!
Aninha