terça-feira, 26 de agosto de 2008

Auto-retrato em poesia... "Aceita um café?"


Aceita um café?

Oi, você quer café?

Desculpe, você aceita um café?

Quer com açúcar?

Quer um cobertor?

Eu já vou embora... tchau

Estou confuso diante de tantas mudanças, de tantos livros a serem lidos

E tantas companhias que não me consolam. Eu mesmo me estranho com tantas dúvidas, não sei quem sou , onde quero chegar

Se o céu azul é ilusão de ótica

Se o mundo é o cenário da minha história

Então olho o fundo do poço e encontro a luz do meu futuro, que estava presa no passado a espera de um presente que pré-sente os anseios da alma antes dela se entristecer com a metamorfose da vida;

com as intrigas que sucedem o ápice do relacionamento

os acasos que expõem nossos medos à luz da revelação indesejada

as despedidas que parecem a fuga da nossa própria alma

eu mesmo me perco dentro de mim

e me encontro na hora em que - todos estão perdidos - o mundo está perdido

levanto da cama, abro a porta do quarto depois de muito tempo

e continuo me sentindo um estranho no ninho

vendo a correria, a frieza diária, a busca da ilusão declarada

e ouço dizer que isso é a vida

é a diversidade, sociedade moderna

fecho os olhos e o meu coração diz que isso é mentira

que o amor não pode ser enlatado, vendido no crediário nem programado nos despertadores digitais

fecho a porta do meu receio

abro a porta do meu destemido ser

aceito a realidade

e procuro fazer da minha verdade meu plano de vida

dando as mãos a todos que encontrar no caminho singelo da perfeita imperfeição

Éder CCS

2 comentários:

marcio mc disse...

Meu caro poeta,maravilhosa reflexão,parabéns amigo.

ana wagner disse...

Que maravilha de poema, Eder! Poema de um poeta maduro e no caminho da grandeza literária.
Parabéns, querido!
Sucesso sempre!
Aninha